Histórias do time da rua de cima – Ou história de liderança

Histórias do time da rua de cima – Ou história de liderança

História do time da rua de cima – Poderia ser: Histórias sobre liderança.

Todos os dias aqueles garotos se reuniam num terreno vazio que eles transformaram num “campinho” – mas que ninguém chamava assim. O campo, para ser bom, tinha que ter um “naming rights” (como dizem hoje). Tinha o campo do gato, o campo do chupeta, o campo da Da. Zezé, mas com nome de mulher não caia bem. Então foi rebatizado de campo do rato (nada a ver com o outro animal concorrente – isso é outra história). Naquele dia tudo começou como sempre: -“Eu par, eu ímpar, falaram os dois que foram escolhidos para montar os times. Normalmente esses eram os escolhidos ou por serem os melhores, ou os goleiros. Naquele dia eram os melhores e feita a escolha por aclamação. Todos deveriam gritar em quem indicavam para a escolha. O grupo escolheu: Matito e Trecão (todos os nomes fictícios para preservar a imagem dos craques). Assim que eles começaram a ir cada um para um lado diferente, os melhores se posicionaram a frente e os piores, abaixaram a cabeça e foram pra trás do grupo. Matito, o primeiro a escolher, chamou o melhor de todos: Tintão. Trecão, chamou Tokio (um japonês que era um dos piores). O grupo começou a rir e não entendeu, muito menos o Tokio, que estava distraído e precisou ser chamado para o lado de Trecão. Matito, riu e agora chamou o segundo melhor, Jotá. Trecão chamou o segundo pior: Trica. O grupo começar a rir mais ainda e a não entender o processo destas escolhas. O comentário geral: vai ser uma lavada, não vai dar nem graça, Trecão está louco e outros…. Mas Trecão juntou os dois ao lado dele e falou: – vamos ver. Eu aposto neles. Matito escolheu o terceiro melhor. Trecão chamou o terceiro pior. Matito escolheu o quarto melhor, Trecão escolheu o quarto pior. E as brincadeiras e provocações aumentaram. Matito escolheu o quinto melhor, Trecão escolheu o quinto pior. E chegou o momento das escolhas finais. Porém sobraram 3. Dois goleiros e um sexto ruim. Matito escolheu o melhor goleiro e falou: pode ficar com os dois de lambuja. Podem jogar com um a mais. Desqualificando o último a ser escolhido, como se ele não fosse nada e não faria diferença. Trecão foi até o último a ser escolhido e falou bem alto: -esse vai ser o meu coringa. O meu craque que vai fazer a diferença. O nome dele era Déquinho. Logo gritaram: -vira 6 acaba 12 – uma sinalização de que quando o placar chegasse a 6, trocariam de campo e em 12, acabaria o jogo.
Trecão reuniu o seu grupo, que todos estavam cabisbaixos e falou: e aí, querem ganhar ou querer ser zuados? A maioria respondeu, claro que queremos, é o que mais queremos, para calar a boca deles, mas é difícil. Trecão então passou a estratégia: – Eles vão jogar brincando e tirando sarro. Nós vamos jogar sérios. Vamos ficar todos na defesa, só o Déquinho na banheira (local muito próximo do gol adversário). Todos que pegarem a bola joguem na direção do Déquinho ou pra fora.
E assim começou o jogo. O time dos melhores fazendo graça e o dos piores concentrados e focados na estratégia. E os resultados começaram a aparecer. 1 a 0, 2 a 0 para os piores. E os melhores riam e brincavam: – Vamos dar uma lambuja pra vocês. Podem ir até 10 ou 11, que no final a gente ganha. E faziam embaixadas, toques de letra, tentavam dar chapeú, dribles e tudo para humilhar o adversário. E quanto mais faziam, mais os piores ficavam mais sérios e bravos, mais queriam ganhar, custasse o que custasse. O placar chegou a 11 a 9 para os piores. Tudo estava por um gol. E os melhores agora discutiam entre si e sentiam a pressão da derrota que antes parecia impossível. Uma bola espirrada, numa tentativa de um drible, sobra para Déquinho, frente a frente com o goleiro. Foi como se o jogo rodasse, agora, em câmera lenta. Todos pararam e olhavam para Déquinho, a bola e o goleiro. Déquinho enfiou um bico (chute com a ponta dos dedos) e a bola passou pelo goleiro, que nada pode fazer. Festa no campo do rato. Os piores venceram e Déquinho estava de peito cheio, como nunca antes. Os seus companheiros de time gritavam e de cabeça erguida tiravam sarro dos melhores. O campo do rato e as escolhas de time nunca mais foram os mesmos.


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